terça-feira, setembro 04, 2007

A gerência avisa: em dia de reunião não nos responsabilizamos por qualquer tipo de doença, acidente ou morte...

Ao ler a edição de hoje do Correio da Manhã, deparo-me com uma triste realidade: a pretexto de uma reunião mensal, foram negados cuidados médicos a um paciente.

O pior disto tudo é que o paciente tem 7 (sim, SETE) dias de vida e a sua mãe dirigiu-se ao Centro de Saúde de Odemira para efectuar o teste de despiste da fenilcetonúria e do hipotiroidismo congénito, vulgo Teste do Pezinho.
Para seu espanto, só as urgências do SAP estavam a funcionar porque os restantes "trabalhadores" estavam na reunião mensal. Sónia dos Santos, mãe do bebé, foi então obrigada a cumprir 48 quilómetros por estradas sinuosas na serra para fazer o teste no Centro de Saúde de Ourique.
Se este episódio demosntra o desrespeito e a estupidez com que os utentes são tratados nos centros de saúde que todos nós pagamos, pior foi a resposta da Directora Interina, Aida Pinheiro, que afirmou que "a reunião mensal acontece há muitos anos e nunca gerou problemas”, acrescentando que a “utente poderia ter efectuado o teste num dia anterior”.
Ó sôdóna doutora Pinheiro (que é exactamente o tipo de árvore que merecia levar pelo esfíncter acima...), deixe-me que lhe diga: o problema nem é esse, pese embora SIM, a senhora poderia ter feito o teste mais cedo. O problema é que o teste deve ser efectuado entre as 72 horas e os 7 dias de vida e os 7 dias terminavam nesse preciso momento. A mãe da criança foi efectuar o teste dentro do limite, na hora de expediente e tudo. O centro de saúde é que não pode fazer reuniões no horário de expediente sem garantir o cumprimento da lei fundamental da nação, que diz que todos os cidadãos, independentemente da idade, raça ou situação económica têm o direito aos mais básicos cuidados de saúde.

A sua resposta demonstra, mais uma vez, a boçalidade dos médicos em relação aos cuidados a ter com os seus doentes. Até porque no juramento que fazem os médicos, penso não constar a alínea, "juro tratar de todas as mazelas e tudo e tudo e tudo, excepto aos fins-de-semana, feriados e dias santos ou durante o horário de expediente se estiver numa reunião, seja com outros médicos, com directores, ministros ou o tipo da imobiliária que vai vender a casa em Vilamoura..."

3 comentários:

dYn@ disse...

Nós descontamos anos a fio, mas quando vamos ao médico (serviço nacional de saúde) temos que pagar uma taxa. Mas além disso, ainda temos que nos guiar pela disponibilidade dos médicos. Se tivermos a agonizar num dia, devíamos ter pensado que não havia médico para resolver a nossa situção...

Karl Macx, ainda te admiras???
Espero que não.

Karl Macx disse...

Sim, ainda me admiro.

É o facto de ficarmos quedos e mudos que nos torna quase imunes a estas situações.

Se me acontecesse a mim, provavelmente teria-me passado dos cornos e pregado um murro da mesa até que alguém me atendesse. E se a directora interina me desse aquela resposta, exigiria a quem de direito a sua demissão.

O grande problema é que amanhã fazem a mesma coisa e, como ninguém faz absolutamente nada, ficam inertes perante as situações, os responsáveis não mudam o status quo.

Se fosse o teu filho, como reagirias??

dYn@ disse...

Claro que não reagiria bem, acho que até reagiria de tal forma que obrigaria essa fulana do centro de saúde a me atender no seu gabinete e a interromper a sua preciosa reunião.

Apenas perguntei se te admiravas com este tipo de notícia ou acontecimento.
O nosso país é tão corrupto, que ainda me admiro não ter rebentado a escala.
Agora, também é verdade, que nós, povinho portugês, reclamamos, mas quando chega a hora de reinvidicarmos os nossos direitos, aí é que a porca torce o rabo...