quarta-feira, fevereiro 18, 2004

Abortos...

Finalmente, a justiça foi feita e as 17 mulheres incriminadas pela prática de aborto foram absolvidas...por falta de provas. Aparentemente, faltou provar se as ditas mulheres estavam ou não grávidas, um aspecto essencial para a condução do processo mas que, inexplicavelmente, ninguém se lembrou de conferir.
Irrita-me profundamente que se tivesse usado este processo como forma de trazer novamente à ribalta a questão da despenalização do aborto...mas, neste país do terceiro mundo à beira-mar plantado (está de tanga e em riscos de se afogar...), foi o melhor que se arranjou, para gáudio dos defensores da despenalização e para o mal das inocentes (não fui eu que disse, foi o tribunal...), cuja exposição mediática vai trazer consequências gravosas...digo eu!...
Sou a favor da discriminalização do aborto! Francamente, não vejo qual seja o problema de abortar, desde que seja perfeitamente justificado.
Um dos casos poderá referir-se a malformações físicas e mentais durante a gravidez. Sabendo-se que Portugal está precariamente equipado com meios de diagnóstico destes problemas, e que a grande maioria dos médicos está-se perfeitamente nas tintas (pondo em causa o seu código de ética e deontológico, bem como o Juramento de Hipócrates), porque sabe que 95 por cento dos médicos acusados de negligência são absolvidos, justifica-se o aborto...
Outro dos casos relaciona-se com as condições financeiras e sociais das "mães à força". Sabendo-se que este país terceiro mundista não contempla como prioridade o abandono das mais puras leis canónicas da Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana, tamos feitos ao bife!!!!
Senão, vejamos:
- As mães adolescentes estão a aumentar a olhos vistos porque não existe uma merda de uma aula de educação sexual nas escolas que lhes explique os principais problemas que podem advir da natural descoberta da sexualidade. No entanto, ainda hoje se pode optar por ter aulas de Educação Moral e Religiosa!!!
- Os hospitais estão a arrebentar pelas costuras, pelo que não podem, nem querem ter abertos consultórios de planeamento familiar e, se os têem, há falta de profissionais na área, nomeadamente, psicólogos e sexólogos;
- AInda hoje, e apesar da Constituição Portuguesa referir que Portugal é um País LAICO e Republicano, não se consegue (ou não se quer) dissociar as questões de foro social do manto protector da SMICAR (Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana), mesmo que tal signifique que o problema se agrave...
-O Estado Providência é-o na teoria, pois na prática, é cada um por si... Os contribuintes são sistematicamente chulados por um Estado que foge constantemente às suas responsabilidades... Se o Estado somos todos nós, teremos de sê-lo para tudo, e não só para o que interessa! Se elegemos os nossos representantes para a Assembleia da República, eles devem decidir e, se não chegarem a um concenso, insistir no referendo como forma última de expressão popular (embora tenha de admitir que os portugueses preferiam passar o dia a fazer broches do que ir referendar sobre os assuntos que realmente interessam para o desenvolvimento do País...).

Por isso, fico contente por saber que as "17 de Aveiro" foram, naturalmente, ilibadas.
Contudo, os "velhos do Restelo" ainda andam por aí...

E isso irrita-me profundamente...

PS: Se o aborto fosse despenalizado há 50 anos, se calhar hoje não teríamos tantos atrasados mentais a governar este país! Essa é que é essa!...

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