quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Duas considerações sobre abortos

E não, não estou a falar dos defensores do Não, apesar de poderem existir algumas semelhanças, nomeadamente ao nível da qualidade intelectual das argumentações.
1ª Consideração - Uma pessoa que afirma que as pessoas devem votar não porque o número de nascimentos vai rejuvenescer a sociedade e a economia é duplamente estúpida: primeiro porque as mulheres não são mulas carrejonas cujo único propósito é dar à luz; depois, porque ouvi essa afirmação da boca de uma mulher!!!
2ª Consideração - Sempre que ouço os apoiantes do Não falar, apetece-me ir ao hipermercado mais próximo comprar mantimentos para a invasão que aí vem: milhões e milhões de mulheres em estilo zombie a dirigirem-se em fila indiana para os hospitais para poderem abortar. Admiro-me de ainda ninguém ter tido a ideia de afirmar que a única razão do governo apoiar o sim é para garantir uma maior taxa de internamento e, com isso, diminuir o défice...

5 comentários:

Alien David Sousa disse...

Karl quando ouvimos determinadas coisas é que temos a certeza de que a estupidez humana não tem limites.
beijos

linfoma_a-escrota disse...

lol muito mau mesmo:

A 'boa' lei
"A história passa-se no final de 2005. Uma adolescente de 14 anos entra no Hospital de Santa Maria com uma overdose de misoprostol, vulgo Citotec, o medicamento para o estômago liberalizado nos últimos cinco ou seis anos como método abortivo auto-induzido que resulta em inúmeras sobredosagens diagnosticadas nas urgências. Ana - chamemos-lhe Ana, é curto e serve - tomou 64 comprimidos. Remetida de um hospital de periferia, chega "já em choque" a Santa Maria, com "alterações vasculares importantes ao nível do tubo digestivo". Em bom português, a Ana está toda rebentada por dentro. A operação não a salva.

Ana estava de 20 semanas. Mais dez que aquelas que a pergunta do referendo prevê e mais oito que as 12 previstas na lei em vigor para casos de "risco para saúde física ou psíquica da grávida". Talvez, se Ana tivesse tido a ideia e a coragem de, com ou sem os pais, ir a um hospital às dez semanas de gravidez, um médico compassivo lhe tivesse resolvido "o problema", considerando que a gravidez numa menina de 14 anos pode constituir um grave risco para a saúde. Nunca saberemos. O que se sabe é que a lei não abre excepções para meninas de 14 anos - mesmo se, aos 14 anos, nem sequer se é imputável criminalmente. O que se sabe é que a lei diz que toda a gravidez "normal" que não seja entendida como fruto de crime de violação deve ser levada a termo, com carácter de obrigatoriedade e sob ameaça de três anos de prisão. E que mesmo nos casos como o da Ana, cujo acto, pela idade da autora, estaria automaticamente despenalizado, a pena pode ser a morte.

A morte por aborto, em 2005, por ausência de acesso a uma interrupção de gravidez médica e segura. É esta a lei "boa" que Marcelo Rebelo de Sousa descobriu agora. Esta ou aquela que o professor, na sua dominical cátedra mediática, imaginou em forma de "despenalização geral", sem limite no tempo de gestação, desde que "não seja a mulher a decidir". Quem decidiria, não se sabe, o professor não disse. Nem o que aconteceu à argumentação do sagrado valor da "vida intra-uterina", o tal valor que justifica a qualificação de "crime". Nem, tão-pouco, o que aconteceria às mulheres que decidissem interromper a gravidez sem caução "superior". Mas adivinha-se. Aconteceria o que acontece agora, exactamente: vergonha, clandestinidade, sofrimento, saúde arruinada e às vezes morte. É a pena que o professor Marcelo, que não quer "ver mulheres julgadas", lhes decreta. A pena de morte, sem julgamento."

Fernanda Câncio, Diário de Notícias, 26/01/2007

se tiveres tido paciencia pa ler tudo podes ir ter às:

www.motoratasdemarte.blogspot.com

desculpeqqc disse...

Já ouvi dizer que a maioria das mulheres grávidas estão a aguentar de pernas fechadas à espera da liberalização...
A corrida será maior que a maratona sobre a ponte 25 de Abril

Anónimo disse...

Um dos peritos da comissão encarregue de avaliar alternativas de financiamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS) apresentou a sua demissão, por considerar demasiado economicista o relatório que o grupo está a preparar. Em declarações à Lusa, Paulo Kuteev Moreira, professor da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), disse discordar do sentido "exclusivamente económico" das propostas elaboradas pela Comissão para a Sustentabilidade do Financiamento do SNS.
(comentário meu: infelizmente é o País que temos…)
é só um desabafo meu; porque lá no kalinka, o tema é o Amor, convido-te para ires deixar um pouco de Amor, um miminho para mim!!!


Domingo lá estaremos, no cumprimento do nosso dever cívico.

Bom fim de semana.
Grande beijo.

Anónimo disse...

Eu até compreendo que aquela gente esteja do lado do Não.
É uma questão de lógica.
Se as mamãs deles pudessem ter optado...